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A linhagem de Judá esteve por um fio de ser comprometida por decisões que fugiam da vontade divina. Ao seguir seus próprios caminhos, confiando apenas em seus planos e ideais, Judá precisou ser confrontado pela intervenção de Deus para que os desígnios do Senhor se cumprissem.
“Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.” (Jeremias 29:11)
A Bíblia é repleta de histórias impactantes, como a trajetória de José, vendido como escravo pelos próprios irmãos e injustamente preso no Egito. Esse relato está detalhado no livro de Gênesis, capítulos 37 a 50, e também no artigo deste blog: “José, de Escravo a Governador do Egito”. Mas, entre esses capítulos, há uma pausa inesperada na narrativa para introduzir um capítulo intrigante: Gênesis 38 — a história de Judá.
A História de Judá
Do hebraico Yehudah, Judá significa "louvado". Após participar da venda de seu irmão José, Judá parece ter sido tomado pelo remorso.
Embora tenha sugerido vendê-lo para evitar seu assassinato, a ausência de Rúben — o primogênito — e sua própria liderança no momento fizeram com que carregasse o peso da culpa.
Afastando-se de seus familiares, Judá estabeleceu residência em Adulão, onde fez amizade com um homem chamado Hira, que o acolheu em sua casa. Foi ali que ele desposou a filha de um cananeu cujo nome era Sua. Dessa união nasceram três filhos: Er, Onã e Selá.
Judá selecionou uma mulher chamada Tamar para se casar com Er, seu filho mais velho. Contudo, Er desagradou ao Senhor, e Deus o matou. Conforme os costumes da época, Judá orientou Onã a se casar com Tamar para gerar descendência ao irmão falecido. Contudo, Onã se recusou a cumprir esse dever: toda vez que se deitava com Tamar, derramava o sêmen no chão para impedir a gravidez. Deus reprovou sua atitude e também o matou.
Preocupado com a possível perda de seu filho caçula, Judá solicitou que Tamar retornasse à casa de seu pai e esperasse até que Selá atingisse a idade adulta. Mas essa promessa nunca foi cumprida.
A Lei do Levirato
Naquele tempo, vigorava a chamada lei do levirato, descrita em Deuteronômio 25:5–10. Segundo essa lei, o irmão de um homem falecido sem filhos devia casar-se com a viúva para gerar descendência em nome do falecido. O filho nascido dessa união herdaria o nome, os bens e o legado do irmão morto.
Fica claro, então, por que Onã recusou esse dever — ele não teria direito à herança, e seu próprio nome não seria perpetuado.
Tamar — Uma Mulher Ousada
Após a morte da esposa de Judá, ele decidiu visitar os tosquiadores do seu rebanho em Timna, acompanhado de seu amigo Hira.
Ao tomar conhecimento desse evento, Tamar percebeu que Selá já havia crescido, mas Judá não havia cumprido sua promessa de dá-lo a ela como marido, o que a levou a tomar uma atitude.
Determinada a garantir a descendência prometida, Ela trocou suas roupas de viúva, cobriu o rosto com um véu e posicionou-se à entrada de Enaim, no caminho para Timna.
Judá, sem reconhecê-la, propôs relações com ela prometendo-lhe um cabritinho como pagamento.
Em troca, Tamar pediu como garantia o selo, o cordão e o cajado de Judá — itens pessoais e inconfundíveis.
Após o encontro, Judá enviou um cabrito, como havia prometido, por meio de Hira. No entanto, a "mulher misteriosa" não foi encontrada, e Judá decidiu deixar os objetos com ela para evitar escândalos.
Decorridos três meses, chegou a notícia de que Tamar estava esperando um filho. Indignado, Judá ordenou que ela fosse queimada viva por imoralidade (conforme a tradição).
No entanto, Tamar apresentou os pertences que havia recebido como garantia, revelando que o pai de seu filho era o próprio sogro. Diante disso, Judá reconheceu que "ela é mais justa do que ele, porque não lhe deu o filho Selá".
A Bíblia registra que Judá não voltou a se deitar com Tamar. Ela deu à luz gêmeos: Zera e Perez.
Durante o parto, um deles estendeu a mão e recebeu um fio vermelho no pulso, mas recuou, e o outro nasceu primeiro. O primogênito foi chamado Perez, e o segundo, Zera.
Conclusão
As escolhas equivocadas de Judá — não proteger José, afastar-se da família, e casar-se com uma mulher pagã — quase comprometeram sua linhagem. Seus filhos, perversos aos olhos de Deus, foram eliminados. Mas, mesmo diante dos erros humanos, Deus conduziu Sua vontade soberana.
Tamar, com coragem e determinação, assumiu um papel fundamental na preservação da descendência de Judá. Sua atitude ousada garantiu o cumprimento da profecia de Jacó:
"O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos." (Gênesis 49:10)
A história de Tamar nos ensina que Deus pode usar quem Ele quiser, independentemente da origem. Assim como Tamar — uma possível cananeia — foi instrumento de Deus para preservar a linhagem messiânica, outras mulheres estrangeiras também foram usadas na história da salvação. O essencial reside não na pátria, mas na fé e na crença em um Deus único.Informações:
👉 Segundo Joseph Smith “Siló” está associado à raiz de Jessé.
– Interessante que Tamar e os dois filhos dela com Judá: Perez e Zera estão na genealogia de Cristo (cf. Mt 1.3). Já os filhos da filha de Sua não aparecem na genealogia.
Se você gostou, comente, diga o que achou da história. A sua participação é muito importante para o crescimento do blog. Que Deus continue te abençoando grandemente.
Leia os artigos relacionados a Tamar aqui: Tamar, Sua Ousadia e Sua Verdadeira Nacionalidade; Tamar, Uma Cananéia Justa
As escrituras tem muito a nos ensinar, nós é que, descuidamos da leitura!
ResponderExcluirDesejando uma boa noite e um abençoado final de semana.
Um abraço amigo.
É verdade, precisamos nos dedicar mais. A partir do momento que começamos a criar o habito de entrar nas escrituras, sentimos cada vez mais vontade de conhecer os mistérios de Deus. Obrigado pela sua participação, Deus abençoe sempre.
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